Coisas aleatórias (ou nem tanto) que aprendi nos últimos dois meses!


1) Que o fato de se estar vivendo em aparente calmaria, não significa, necessariamente, que tudo está bem!

Dois meses atrás eu recepcionava com muita felicidade as mudanças que estavam acontecendo na minha vida, na minha rotina. Uma sensação de liberdade ímpar tomou conta de mim desde que decidi repensar e transformar meus hábitos de consumo. Um sentimento de autonomia e força que há muito não sentia... Todos esses bons sentimentos vinham potencializados porque tudo estava acontecendo de uma forma muito natural.

Eu decidi mudar ciente de que certamente não seria fácil, afinal, não se mudam hábitos de anos em dias, mas contrariando todas as expectativas, estava sendo muito mais fácil do que eu podia imaginar. Não senti dificuldade em resistir às compras, não sentia mais necessidade de visitar as lojas com frequência e o mais legal de tudo, em mim, internamente, nada faltava. Não ficaram buracos, espaços vazios. Pensei que eu toparia com eles, pois imaginei que meus hábitos de consumo refletiam algo emocionalmente mal resolvido, mas não, que alegria, estava tudo caminhando muitíssimo bem. Até que uma crise de ansiedade me pegou, em cheio. A causa, em tese, teria sido um problema inesperado. Nada grave, longe disso, apenas inesperado. Um probleminha que envolve fobias particulares chegou pra me tirar a paz, o sossego, o apetite, o sono tranquilo... Aquele sofrimento se arrastou por dias, e não havia meditação que tirasse de mim aquela angústia, não havia fitoterápico que devolvesse meu sono tranquilo. Num dado momento, porém, notei que a dor era incompatível com o problema, e que se arrastava por mais tempo que o habitual. Ponderei que possivelmente o problema era, na verdade, aquela gotinha de água que cai num copo já cheio e faz tudo transbordar. A dor pelo inesperado era justificável, sim, mas a sua intensidade e duração, não. Decidi ser paciente. Estava fazendo o meu melhor pra que as coisas melhorassem, e internalizei que mais cedo ou mais tarde a compreensão chegaria. E chegou.

Estava no trabalho, sozinha, por volta das 7:30 da manhã (chego bem cedinho), com os cotovelos na mesa e o rosto apoiado nas mãos quando o SOS brilhou feito neon na minha mente. E eu tinha entendido tudo, naquele momento. Eu sabia que as mudanças nos hábitos de consumo interfeririam diretamente no conteúdo do site. Estava ciente disso. Imaginei que como a mudança seria gradual, eu teria o tempo a meu favor no reposicionamento do conteúdo, afinal, o propósito da mudança é positivo, e não só pra mim. Acontece que as coisas mudaram de forma rápida. Como eu disse antes, não senti maiores dificuldade na resistência, na ponderação, no questionamento... Isso foi ótimo, se analisarmos apenas do âmbito do consumo propriamente dito. Foi péssimo, no entanto, para os meus planos pra esse espaço, que é uma parte extremamente importante da minha vida. As mudanças aconteceram rápido demais, e com isso, eu não tive tempo de reprogramar o conteúdo, reposicionar a postura, pontuar novas coisas. Com isso, o blog ficou parado e a sensação que ficou foi a de luto por algo que não tinha chegado ao fim. 

Em resumo: tudo estava bem. Mas nem tanto. E nem tudo.



2) Que chuva molha mas faz florescer!

Nós fugimos da dor, assim como fugimos da chuva. Não gostamos de sofrer, ninguém tem apreço pela dor, mas muitas vezes a dor eventual é capaz de provocar transformações. Acontecimentos ruins são inevitáveis e já que são assim, então que aprendamos com eles! Entender que é possível extrair aprendizado dos momentos em que a alegria cedeu espaço para o desânimo e para a angústia  faz com que nossos olhos se fixem para além dos acontecimentos ruins. 

A partir do momento que percebi que a mudança pela qual o blog teria que passar não havia sido absorvida por mim, eu encarei de frente a situação, e passei a analisá-la. Me conscientizei de que esse sentimento de ter perdido algo era irreal. O blog continuava aqui. Eu só precisava postar, porém agora, numa nova vertente, que se relaciona com a pessoa que sou hoje, de forma coerente com meus anseios e com o que acredito depois de ter visto, vivido e sentido muitas coisas. 

No meu caso o sofrimento foi necessário pra que eu analisasse todas as feridas, inclusive as que eu considerava cicatrizadas. No meu caso, foi necessário pra desatar um nó que havia se formado sem que eu percebesse.

Não acredito que o sofrimento seja sempre necessário, mas como eu disse, se ele existe, nós podemos, e devemos usá-lo como instrumento de crescimento, como instrumento de florescimento. 





3) Que autoconhecimento é como uma chave mestra!

Como eu disse, não tive maiores dificuldades de pôr em prática e seguir com meu propósito de consumir de forma mais consciente, menos impulsiva, diminuindo assim as compras e administrando melhor o que ganho. Não tive mesmo. Até esse mês! Maio chegou e com ele os olhos passaram a brilhar mais por coisas que eu gostaria de ter. Namorei um casaco aqui, um sapato ali, quando vi minha lista de desejos que vinha enxuta desde o momento que decidi pela mudança aumentou consideravelmente, e na proporção que a minha autoestima caía. Bingo! Percebi que sinto essa vontade, quase necessidade de comprar, quando não me sinto satisfeita com o que vejo no espelho. Como se fosse necessário um algo a mais pra que eu me sentisse melhor, mais bonita, mais qualquer coisa. Estou tentando melhorar o foco do problema, que só foi identificado graças á minha busca por autoconhecimento, pela atenção que dedico a mim, aos meus pensamentos, atos, anseios, desejos, tristezas, alegrias, inconstâncias... É um processo árduo (tanto aprofundar o conhecimento sobre si próprio, quanto equilibrar a autoestima) mas somos fortes o suficiente. Não bastasse a nossa força particular, hoje temos acesso a ferramentas que podem nos ajudar, como por exemplo, profissionais capacitados, então, é só seguir lutando e acreditando que essa chave vai de fato abrir todas as nossas portas, até as mais escondidas.  



Se o terreno aí foi mexido, bagunçado, assim como o meu foi, se a chuva foi intensa, aproveite pra plantar novas sementes, cultivar novas flores. Ouse transformar esse inverno na primavera mais florida da sua vida <3


Fonte das imagens: Instagram @artedoluc