NĂ£o Ă toa, quase sempre quando falo desse meu propĂ³sito uso o termo "hĂ¡bitos de consumo", e gente, nenhuma expressĂ£o Ă© tĂ£o adequada quanto. A gente sempre ouve falar, mas quando se dĂ¡ conta de que a expressĂ£o faz total sentido, Ă© como se uma luz se acendesse. A partir daĂ, fica mais fĂ¡cil compreender por qual motivo fazemos o que fazemos.
Me lembro que no primeiro DiĂ¡rio da Poupança, quando eu expus a minha vontade de mudar eu mencionei que comprava muito mais do que de fato precisava, e sĂ³ agora, do outro lado da linha, eu pude perceber que eu agia 100% movida por um mau hĂ¡bito (condicionada possivelmente em parte pelo que absorvia por aĂ. JĂ¡ falamos sobre como o mundo a nossa volta empurra goela abaixo as pseudo necessidades). Eu estava totalmente acostumada a comprar, totalmente acostumada a pagar vĂ¡rias parcelas de vĂ¡rias coisas todos os meses. Trocando em miĂºdos, estava habituada a gastar de forma desnecessĂ¡ria, tanto que a situaĂ§Ă£o passou a fazer parte do meu cotidiano. Eu estava habituada Ă quela vida de pessoa gastadeira.
A força desse mau hĂ¡bito nĂ£o boicotava totalmente meus questionamentos, jĂ¡ que mesmo habituada, eu conseguia perceber que a situaĂ§Ă£o nĂ£o era saudĂ¡vel, mas cĂªs sabem como Ă© nĂ©, a gente se acostuma muitas vezes atĂ© com aquilo que nĂ£o faz tĂ£o bem...
Eu nĂ£o sei pontuar qual o fator determinante pra que o insight viesse, acho que na verdade vĂ¡rios fatores contribuĂram para tanto, mas agradeço todos os dias por ele ter vindo.
28 dias se passaram desde o Ăºltimo diĂ¡rio, e eu continuo firme no propĂ³sito. Achei que seria mais difĂcil do que de fato estĂ¡ sendo, especialmente porque eu me identifico demais com roupas mais invernais. Coleções de Outono/Inverno sempre me tentam, mas atĂ© o momento estou forte. Comprei uma botinha modelo Biker, uma bolsinha fofa que estava em promo na Riachuelo jĂ¡ que minha bolsinha preferida estĂ¡ se desmanchando e uma paletinha de sombras, porĂ©m, nada de estragos, tudo bem calculado e bem pensado.
Sinto que um mau hĂ¡bito jĂ¡ estĂ¡ sendo substituĂdo por um bom. Sempre disse, desde que comecei a relatar o meu desejo pela mudança, e as mudanças em efetivo, que minha meta era alcançar um equilĂbrio e sinto que isso estĂ¡ acontecendo. EstĂ¡ sendo muito, muuito mais fĂ¡cil resistir Ă s tentações e olha que tive contato com vĂ¡rias delas rsrs. Hoje mesmo, na hora do meu almoço dei uma voltinha pelo centro e decidi entrar na Cris Park, aquele lugar que parece que foi colocado ali sĂ³ pra testar nosso poder de resistĂªncia. Amei um colar de pedra verde, minimalista, lindo de verdade. Custava aproximadamente 15 reaizinhos. Fiquei um tempo com ele nas mĂ£os, tempo suficiente pra pensar que, embora eu nĂ£o tenha um exatamente daquele jeito, eu jĂ¡ tenho em casa um colar com pedra em gota verde, e no fim das contas, o efeito Ă© o mesmo. Independentemente das diferenças, seria mais um colar de pedra verde pra coleĂ§Ă£o. Percebi que com esse hĂ¡bito, o impulso, o nĂ£o questionamento na hora de decidir pela compra ou nĂ£o virou uma exceĂ§Ă£o. Antes, ele era regra. Eu nĂ£o pensava muito. AliĂ¡s, pensava sim. Pensava que eu merecia aquele gosto porque fazia N coisas (sabe aquelas justificativas mentais do tipo: "trabalho a semana inteira, mereço esse agrado"/"tenho dois ofĂcios, mereço esse mimo") e essas pequenas concessões feitas sob o pretexto do merecimento eram feitas vĂ¡rias vezes num Ăºnico mĂªs. Agora atenĂ§Ă£o aqui em mim: que a gente merece o mundo, nĂ£o hĂ¡ dĂºvidas! Que todas nĂ³s, cada qual no seu meio, faz o melhor que pode todos os dias Ă© fato, mas atĂ© mesmo as concessões e recompensas necessitam de equilĂbrio, pois senĂ£o perdem a razĂ£o de ser. AlĂ©m do mais, esse tipo de concessĂ£o, quando acontece de forma reiterada e com um Ăºnico foco, gera privaĂ§Ă£o. Eu por exemplo, amava me presentar com blusinhas, sapatinhos e afins, mas ficava frustrada quando no final do mĂªs nĂ£o conseguia poupar quase nada pra uma viagem que eu tambĂ©m mereço fazer. Quando a gente percebe a falta de equilĂbrio, percebe a necessidade de mudança.
Divaguei bastante, mas na real, eu sĂ³ queria dizer que: a partir do momento que uma aĂ§Ă£o se torna um hĂ¡bito, fica muito mais fĂ¡cil seguir o propĂ³sito. Mesmo! NĂ£o Ă© tĂ£o sofrido quanto parece, e posso garantir que a sensaĂ§Ă£o de autocontrole Ă© extremamente positiva. Se vocĂª tĂ¡ comigo nessa, cheia de vontade de mudar, tĂ¡ caminhando, mas ainda nĂ£o tĂ¡ sentindo que tĂ¡ fĂ¡cil, tenta sĂ³ mais um pouquinho. Quando vocĂª menos esperar, essa resistĂªncia jĂ¡ vai ter virado um hĂ¡bito, um bom hĂ¡bito, e vocĂª vai poder viver a vida de forma mais plena (eu nĂ£o to exagerando, juro!).