Tá tudo bem aí dentro?

É dia 27, mês na reta final, mas ainda dá tempo de aproveitar a deixa do Setembro Amarelo e bater um papinho bem íntimo. Não sabe qual o significado do Setembro Amarelo? Vamos lá: Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção. Ocorre no mês de setembro, desde 2014, por meio de identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela e ampla divulgação de informações. (extraído de www.setembroamarelo.org.br).
Li um artigo esses dias, e os números são assustadores. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) o suicídio já mata mais jovens que o HIV em todo o mundo. Cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio todos os anos e a situação fica ainda mais aterrorizante quando a gente fica sabendo que para cada caso fatal há pelo menos outras 20 tentativas fracassadas.

O suicídio é o ápice do sofrimento psicológico e emocional humano, pois é inimaginável para os psicologicamente e emocionalmente sadios, compreender que alguém seja capaz de abrir mão da própria vida, ainda mais quando se é tão jovem.

Eu não tenho a menor propriedade pra falar sobre pensamentos suicidas já que nunca os tive, tão pouco sobre os problemas emocionais e psicológicos que nele culminam, mas eu posso falar do meu problema, que guardadas as devidas proporções, é também muito doloroso. Eu posso usar esse meu espaço pra tentar ajudar quem porventura esteja passando por algum problema parecido, e pra provar que sofrer de problemas emocionais e psicológicos hoje em dia é mais comum do que se imagina.


No meu caso o problema apareceu cedo, ainda na infância. Nunca sofri qualquer trauma, tão pouco perdas trágicas ou dolorosas, mas eu sentia muitos medos como por exemplo o de ficar sozinha, do escuro, de perder meus pais. Os medos eram tão grandes que aos 5 anos meus pais procuraram ajuda de uma psicóloga infantil. Umas duas ou três sessões e eu estava liberada, pronta pra viver muito bem a minha infância que deveria ser alegre e feliz. E foi mesmo. Aos 13 anos perdi minha avó materna mas soube contornar a dor, superar e viver bem, até que aos 17 anos a coisa desandou. Os medos voltaram, e de uma forma muito pesada. Eu não conseguia sair de casa, tinha pavor de ficar sozinha e quase perto de completar 18 anos me via arrastando meu colchão todas as noites pra "dormir" no quarto dos meus pais. Dormir entre aspas porque eu não dormia. Comecei a sentir falta de ar, taquicardia... Não conseguia comer, a garganta estava travada, tão travada quanto eu que já não conseguia ficar perto das pessoas. Por sorte nasci num lar abençoado, ao lado de pessoas extremamente sensíveis e amorosas que logo perceberam que as coisas não estavam bem. E lá fui eu, juntos dos meus pais, aos 17 anos, em busca de uma ajuda profissional. O diagnóstico era TAG - Transtorno de Ansiedade Generalizada e o tratamento se iniciou de imediato, com sessões de terapia cognitiva e sem medicamentos. A intenção era entender o meu funcionamento e me fortalecer internamente pra que eu mesma pudesse dar conta dessa ansiedade descompassada. É bom entender que a ansiedade é comum e completamente natural, mas no caso da TAG ela é descontrolada, e provoca sintomas completamente paralisantes e dolorosos. Na época, tratei por quase 3 anos. Tive alta mas vira e mexe tenho minhas recaídas. No momento estou novamente fazendo terapia cognitiva depois de duas crises de pânico que me levaram pra Unimed com falta de ar, traquicardia, tremores, formigamento nas mãos e nos pés. É doloroso, é sofrido, mas a gente tem condições de buscar uma vida melhor e é isso que eu quero te dizer!!!


Sempre existe algo a se fazer. Ainda que seu problema emocional não tenha cura, ele possivelmente tem controle! A medicina está avançada, existem milhares e milhares de medicamentos e tratamentos capazes de te ajudar a se libertar de todas as dores, físicas e emocionais. Gostaria de, humildemente, te falar algumas coisas:

1) Você não está sozinho! Existem muitíssimas pessoas com problemas parecidos ou idênticos ao seu, por isso não se envergonhe e não se sinta diferente; 


2) Não sinta culpa por ter problemas emocionais! A gente se culpa, eu digo com propriedade. A gente se culpa porque não deveria ser assim, porque tem certos privilégios e justamente por isso não deveria sofrer tanto, a gente se culpa porque tem amor de sobra na vida e ainda assim não consegue se livrar do problema. Saiba que o externo/social é só um fator desencadeador dos problemas psicológicos e emocionais, que, na grande maioria, surgem mais é por fatores genéticos mesmo;


3) Cerque-se de pessoas que te querem bem! Todos nós temos pessoas especiais na vida, cuja companhia faz bem, dá paz e tranquilidade. Fique pertinho delas :)

4) Busque ajuda! Entenda que existem inúmeros tratamentos diferentes capazes de te ajudar e que não precisa ser tão doloroso assim. Você pode e merece ser feliz, SIM!

5) Fale, fale e fale! Sabe as pessoas do item 3? Elas querem te ouvir, te ajudar e te amar, aproveite <3

Agora pros amiguinhos que não tem problemas psicológicos/emocionais mas convivem com pessoas que sofrem desse mal, só algumas diquinhas preciosas:

1) Seja compreensivo! Não é porque você não entende a dor alheia que ela não existe. Não tente balizá-la de acordo com as suas percepções pessoais. As pessoas são diferentes e o sentir de cada um é único.

2) Abrace! Abraço é um santo remédio. Dá conforto e acolhe a pessoa que sofre...

3) Nunca diga que ela não tem motivos pra sofrer! NUNCA. Uma família estruturada, um bom emprego, beleza, situação financeira estável nunca foram determinantes para a ausência de problemas emocionais/psicológicos. 

4) com imagem:



Seja qual for o seu problema, saiba que sempre existirá alguém disposto a te ajudar, te amparar... 

Busque sua paz, seja feliz e se precisar conte comigo <3

Beijos!


  

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