Diário da Poupança: como tudo começou e em que pé estamos!


Ainda em 2017 eu disse pelas redes sociais que estava decidia a mudar meus hábitos de consumo. Eu acredito que somos condicionados, por diversos fatores, a tomar as atitudes que tomamos, o que nos leva a agir, muitas vezes, de forma automática ou pouco pensada. Acredito que no âmbito do consumo, esse condicionamento particular pode ser associado às facilidades do mercado. Nossos pais que confirmem, mas creio que nunca foi tão fácil adquirir. Essa aquisição facilitada mudou drasticamente a nossa forma de gastar dinheiro, de modo que a aquisição de bens que eram pra ser duráveis, se transformou em verdadeiro consumo. Descartamos, paramos de usar com uma facilidade ímpar os bens duráveis que compramos, porque é "fácil demais" ter um cartão de crédito e pagar parcelas. É "fácil DEMAIS" ter seu próprio cartão de loja de departamento, que promete parcelamento (sem juros) de peças que cabem no bolso e no orçamento de "qualquer um". "É fácil demais" substituir uma brusinha preferida por outra preferida do momento. "É fácil" ter a bolsa que todo mundo tá usando...

A gente vai dançando conforme a música, vai consumindo, acumulando cartões e parcelas e, na mesma proporção, na grande maioria das vezes, um vazio e um incômodo cíclico e persistente.

Oi Becky!
Fonte: Google Images


Eu vivi tudo isso. Provei o até então doce sabor das facilidades, e o amargor da culpa por gastar tanto, e de forma tão desnecessária. De achadinho em achadinho, boa parte do salário ia embora. Não sobrava pra viver experiências efetivas. A alegria da compra da última brusinha passava bem rápido, mas o salário, ah esse demorava demais pra chegar...

Fazendo uma mini retrospectiva, percebo que fui tomando consciência aos poucos, de forma gradual, até que, no final de 2017, vi que era hora de mudar, de vez.

Além do peso por gastar mais que o necessário, fui tomando cada vez mais consciência de quão obscura é a industria por trás de alguns "baratinhos" que a gente adora. Fui ficando cada vez mais convicta de que não queria mais compactuar de forma tão ativa (achadinhos/compras em excesso), como por exemplo, com condições precárias de trabalho, ainda mais depois de assistir um documentário incrível nesse recesso ("The True Cost", recomendo). Dói ver exemplos reais de sofrimento, tudo, pra fomentar um espírito ávido por consumir. 

Óbvio que essa minha mudança geraria efeitos secundários, numa das coisas que mais amo fazer nessa vida, no caso, blogar. O SOS começou com o intuito principal de compartilhar os achadinhos e ideias pra se vestir bem gastando pouco (teoricamente). Os posts mais acessados do blog eram os posts de achadinhos. Eu sabia que a mudança na minha postura diminuiria o fluxo de gente aqui. Isso me deixou pensativa num primeiro momento. Mas, num segundo momento, eu me lembrei que números nunca foram meu objetivo. Eu quero vidas e experiências, quero influência mútua positiva, e, conscientização coletiva e um convite ao questionamento é de suma importância nos dias atuais. Pois então, eu decidi aceitar a provável queda dos números, e abraçar uma coisa que eu busco e sempre buscarei: RELEVÂNCIA. 

Dito isto, quero pontuar algumas coisas que tem me ajudado, e esclarecer algumas dúvidas:

- Os achadinhos acabarão?

Não sei ainda. No momento, não sinto vontade de fazê-los. Sinto que preciso me desintoxicar, e pra isso, quero ficar longe de tudo o que tem potencial para retirar meu foco. Experimentar roupas e coisas que eu não preciso no momento, é uma tentação potencial, mas, não tenho uma decisão formada sobre isso, ainda;

- Vou me abster totalmente de comprar?

Não. Não quero demonizar o consumo, só quero equilíbrio pra que o consumo não assuma uma fração muito grande da minha vida comprometendo minha liberdade de viver outras experiências, tanto que não parei de comprar, apenas diminuí consideravelmente os gastos. Nos últimos meses comprei uma calça jeans, um top cropped, um short, uma sandália com salto em bloquinho e um tênis que queria há meses. É mais do que preciso? Sim, mas já é muito menos do que já fiz um dia, então, estou caminhando :)



Fonte: Google Images



O que eu tenho aplicado na minha vida, que pode te ajudar de alguma forma:

* eu e meu marido temos um único cartão de crédito, o que minimiza e muito as compras impulsivas;

* eu faço o exercício mental de toda vez recordar se já não tenho em casa algo parecido, ou que tenha a mesma função. Se sim, respiro fundo e saio de perto;

* eu eliminei das minhas redes sociais possíveis influências que estão em desacordo com o meu pensamento no momento. Mantenho algumas poucas exceções a título de inspiração de estilo ou fotografia. Isso faz muita diferença. O poder de influência da internet é absurdo, e como estamos boa parte do tempo conectados...

* eu tenho evitado ir á lojas que tenham preços muitos tentadores (Ex: Cris Park);

* eu sempre tive o hábito de listar meus gastos com supérfluos, mas passei a somá-los e comparar com uma parcela de um pacote de viagem por exemplo. Você pode fazer o mesmo com a mensalidade de um curso, uma faculdade, etc. No meu caso foi um choque;

* entender que essa mudança é um processo é importante pra evitar culpas. Vivemos um mesmo padrão há muito tempo, então é normal que o objetivo demore a ser concretizado. Um passinho de cada vez, e paciência com as "escorregadas".





Ah, vale ressaltar que eu faço terapia e descartamos uma possível compulsão. Acho importante buscar ajuda quando o consumo se mostra extremamente danoso, quando afeta de modo drástico as finanças ou a sua relação com as demais pessoas. Se houverem sinais de que algo não vai bem, procure ajuda, tá? O consumo exagerado pode ser reflexo de algo não resolvido aí dentro. 

Balanço final do primeiro Diário da Poupança: uns trocadinhos guardados (yaaaaaay), poucas parcelas de supérfluos e uma alegria imensa (sério, to muito feliz) ao ver o cartão da Renner totalmente zerado :D 

Espero voltar em breve com mais novidades, e espero que vocês compartilhem comigo as suas experiências também, tá? Notei, pela interação de vocês quando toco nesse assunto, que há um interesse grande em mudanças, então, vamos juntos. Somos sempre melhores de mãos dadas <3

Beijos!





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